domingo, 20 de junho de 2010

NOTA - Festival das Juventudes

Informamos que por falta de recursos, as mulheres do Piauí não participaram do Festival das Juventudes, que aconteceu em Fortaleza - CE, de 3 a 6 de junho de 2010.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

I Festival das Juventudes


As mulheres do Piauí participaram do I  I FESTIVAL DAS JUVENTUDES EM FORTALEZA - BRASIL. América Latina e as Lutas Juvenis. Será de 3 a 6 de junho.
Contando com a participação de vários grupos de todo o país.
Sairá um ônibus de Teresina-PI na quarta-feira, dia 02 que levará os/as participantes para o evento.
Sendo que a inscrição do/da participante teria que ser com antecedência no blog do festival.


Segue a programação...

Dia 03:
Credenciamento: 09h às 15h;
Almoço: 12h às 14h;
Atividades autogestionárias: 14h às 17h;
Banda local - Parayba e Cia. Bate Palmas: 17h;
Abertura oficial: 18h;
Jantar: 19h às 21h;
Bandas Locais - Coda; Alegoria da Caverna, Unidos da Cachorra: 19h30 às 21h;
Show - O Teatro Mágico: 21h30;
Show - Mutantes: 23h;


Dia 04:
Café da manhã: 07h30 às 9h30;
Atividades autogestionárias: 08h às 12h;
Almoço: 12h às 14h;
Atividades autogestionárias: 14h às 18h;
Conferência - Mesa 1: Mobilização Social: A Participação da Juventude nos Processos de Mudança na América Latina - 18h às19h30;
Jantar: 19h às 21h;
Bandas locais - Vitrola São Jorge, Dona Zefinha: 19h30 às 21h30;
Show - Actitude María Marta: 22h;
Show - Tribo de Jah: 23h;


Dia 05:
Café da manhã: 07h30 às 09h30;
Atividades autogestionárias: 08h às 12h;
Almoço: 12h às 14h;
Atividades autogestionárias: 14h às 18h;
Conferência - Mesa 2: Apontando os desafios da PPJ no Brasil - 15h às 16h30;
Conferência - Mesa 3: Ato de Lançamento da Plataforma das Juventudes - É Possível Unificas as Lutas das Juventudes? - 18h às19h30;
Jantar: 19h às 21h;
Bandas locais - Záz, Fulô de Aurora: 19h30 às 21h30;
Show - Luiz Melodia: 21h30;
Show - Zeca Baleiro: 23h;


Dia 06:
Café da manhã: 07h30 às 09h30;
Atividades autogestionárias: 08h às 12h.





Seguiremos em Marcha até que todas sejamos livres!!!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

17 DE MARÇO - OSASCO


Acordamos as 04:00hs da manha com um canção e todas animadas por era o penúltimo dia da marcha, pegamos as bagagens e colocamos no caminhão e tomamos café e saímos em marcha em direção a Osasco marchamos com forca de vontade e inspiração para reivindicar nossos direitos, chegando em Osasco fomos muito bem recebidas pelo prefeito(Emidio de Sousa) do partida do PT e sua equipe e tivemos uma boa recepção um bom alojamento e na parte da tarde tivemos oficinas temáticas sobre integração dos povos como alternativas e o papel do Estado(avaliação dos avanços, limites e desafios para as políticas no Brasil em nível regional.
Começou com fala de Vera Soares Perguntando (o que nos pensamos do papel do estado?) e logo respondeu (Somos diversas que vivemos neste mundo capitalista, quais são os nossos valores, nos queremos uma sociedade justa, uma sociedade invencível que seja reconhecida nossas batalhas) O primeiro ponto de reflexão (Queremos mudar a vida das mulheres e queremos mudar o mundo)

16/03 (Terça – Feira) - Perus


Paz e desmilitarização; debate sobre a luta pela transformação da sociedade com Aleida Guevara, lutadora cubana, filha de Che Guevara.

Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás."- Che Guevara.
Auto-estima elevada faz muito bem para se aguentar a caminhada e dá forças para a luta

Relatamos que acordamos as 04:00h da manhã. Todas acordaram animadas e dispostas a marchar. Tudo começa com a mesma rotina diária da arrumação das benditas malas de todos os dias, pois temos qe viajar novamente a pé! O caminhão das bagagens e um chamado: " Piauí, Piauí! É a vez do Piauí, atrás do Rio Grande do Norte! As malas! Mais alguém?" Corremos com as malas, levantamos, colocamos no baú e vamos ao banheiro conseguir um cantinho para a higienização necessária, depois, fila do café e aquele suco, chocolate, bananas e bananas, mel, castanha pra guardar nas mochilas se sentir falta de energia na caminhada...Algumas companheiras tiverama problemas de saúde, uma machucou o joelho pelo esforço, outra teve resfriado e algumas estavam visilvelmente cansadas. Não poemos deixar de relatar que a saudade da família e dos filhos repercutiam na saúde deixando algumas menos dispostas. Temos duas companheiras na delegação que cuidam da nossa saúde, a Rosário da CUT e a Deusa da AMOR de Teresina que hoje se revezaram para o cuidado com as companheiras que ficaram alojadas. Hoje chegamos atrasadas para a concentração e a marcha já estava a caminho. Fomos ao encontro da marcha de forma desorganizada tanto, que três companheiras logo chegaram a marcha e outras companheiras pararam para tomar café, e causou um certo desconforto mas ao chegarmos fomos acolhidas com muito entusiamo e seguimos com o o piauí aniamdo e contribuindo com a locação que sustentava o final da marcha. Chegamos a Perus as deis e meia andamos 14 km e 600 metros o dia estava nublado e contribuiu para que o cansaço não nos dominasse pois quando o sol esta forte nossas energias se consomem mais rapido e usamos mais o carro de apoio. Felizmente o sol veio a nascer a partir das nove horas da manhã.
A tarde foi seguindo a programação da marcha com o momento de formação com o tenha paz e desmilitarização.Contamos com a presença da companheira Aleida Guevaraa, médica cubana e filha de Ernesto Che Guevara,a mesma falou sobre paz e desmilitarização, num discurso que emocionou a repleta tenda de formação da Marcha. Em Cuba, o aborto é legalizado e a licença maternidade dura 12 meses, podendo ser dividida entre a mãe e o pai. “Eu nasci em um país socialista, onde a mulher é tratada com respeito e igualdade de direitos”, comemorou Aleida. “Não podemos dar receitas, nem dizer o que vocês precisam fazer. Mas podemos mostrar nossa realidade e dizer que, se um país pequeno e pobre como o nosso conseguiu, o Brasil também consegue”, incentivou a cubana.Um dos itens da plataforma de reivindicações da Marcha Mundial das Mulheres é a retirada das missões militares da Organização das Nações Unidas (ONU) do Haiti e da República Democrática do Congo. “A presença militar da ONU deve ser emergencial e rápida. No Congo, as tropas já estão há dez anos, provocando inflação com os salários em dólares dos soldados. O caminho para a paz passa necessariamente pela autodeterminação das mulheres e pela soberania dos povos”, defendeu Miriam Nobre, coordenadora internacional da Marcha.




Maria do Livramento - FETAG
Elisa Soares - STTR
Francisca Ferreira - STTR

segunda-feira, 22 de março de 2010

AVALIAÇÃO - MENSAGEM

Amigas e companheiras da Marcha Mundial das Mulheres do Estado do Piau:
Valeu a pena esta viagem, esta caminhada foi cansativa, com muitos desafios, muitas intrigas e polemicas, mas a aprendizagem foi mais. Quem participou da Marcha, da formação, das reuniões ou até mesmo da viagem vem carregando uma bagagem que não trata-se dos nossos pertences pessoais mas muito aprendizado. A verdade é essa companheiras: A caminhada não para por aqui, quem sente-se mulher não ofende ninguém, quem sente-se companheira não machuca ninguém, quem sente-se solidária ajuda qualquer uma, quem é ignorante não consegue ter amizade, quem e individualista só pensa no seu bem. Somos mulheres de vários movimentos, mulheres camponesas, urbanas, sindicalistas, empregadas domésticas e em tudo somos mulheres. Temos um lar, uma família. Esta caminhada deixou marcas boas e ruins, aquelas que compreenderam o processo vão levando uma boa bagagem, e aquelas que deixaram de conhecer o novo vai levando um pouco de ódio, aquelas que tinham vontade de vir ficaram angustiadas, aquelas que não sabem dar valor em outra companheira deixou uma ferida.É fácil falar, é fácil criticar mas é difícil fazer e também reconhecer. Companheiras a verdade e essa, todas nós independente de sermos solteiras, casadas, termos compromisso. Não é só por espontânea vontade que estamos aqui, somos mulheres negras, índias, brancas, lésbicas, rurais, urbanas, estudantes, trabalhadoras, somos mulheres que trabalham no dia a dia, não importa se somos apenas dona de casa.
Nesta viagem tivemos vários atropelos, não conseguimos unificar as idéias na mesma opinião, não conseguimos unificar o sentido de ser uma mulher porque 10 dias são apenas um começo para ser construído, cabe cada uma de nós refletirmos o respeito que devemos ter até por nós mesmas,dialogar com a outra, este é o momento de avaliar o processo coletivo, avaliar o andamento do percurso, da caminhada, das atividades, do compromisso, menos colocar as coisas pessoais, se alguém ou alguma sentir que momento para isso e preciso chegar até a companheira e construir um dialógo.
Agora, vamos para casa, para nossa cidade e fazer desta Marcha um compromisso, discutir os temas que foram trabalhados durante a Marcha, construir uma nova mulher e formar grupos de mulheres.
Percina Santos Souza, MST
São joão do Piauí, Assentamento Lisboa,
Educadora do curso de literatura em Artes, UFPI.


quinta-feira, 18 de março de 2010

NOTICIAS

ESTAMOS EM OSASCO - SAIREMOS DAQUI PARA SÃO PAULO ÁS 13H - IREMOS EM CAMINHADA ATÉ A ESTAÇÃO DO TREM, IREMOS DE TREM ATÉ BARRA FUNDA E DE LÁ EM CAMINHADA ATÉ O PACAEMBU ONDE TEREMOS UM ATO POLITICO. RETORNAREMOS AO PIAUI ÁS 18H. TODAS NOSSAS COMPANHEIRAS ESTÃO BEM, COM SAUDE E MUITO FORTALECIDAS DA EXPERIÊNCIA. HOJE NOS SENTIMOS VENCEDORAS. PASSAMOS POR MUITAS DIFICULDADES MAS CONSEGUIMOS ATINGIR O NOSSO OBJETIVO NO SENTIDO DE MUDAR A VIDA DAS MULHERES PARA MUDAR O MUNDO E MUDAR O MUNDO PARA MUDAR A VIDA DAS MULHERES.
       A TODOS NOSSOS FAMILIAARES E AMIGOS QUEREMOS DIZER QUE FIZEMOS A HISTÓRIA E ASSIM INICIAMOS A REVOLUÇÃO. NOSSO LUGAR NÃO É NO FORNO OU NO FOGÃO E A NOSSA CHAMA É O FOVO DA REVOLUÇÃO!  

PS. TODOS OS RELATÓRIOS ESCRITOS SERÃO CORRIGIDOS E MELHORADOS PARA CONTAREM DOS DOCUMENTÁRIOS DA AÇÃO, SÓ PUBLICAMOS PARA DAR NOTICIAS E FIZEMOS COM DIFICULDADES PARA DIGITAR E PUBLICAR. UM GRANDE ABRAÇO.
NADIR LIMA

15/03 (Segunda – Feira) – Cajamar a Jordanésia

Maternidade como decisão e não como destino: debate sobre nossas experiências.

Ao caminhar pela manhã de Cajamar a Jordanesia 8 km tivemos muita animação, principalmente o estado Piauí gritos de ordens, músicas etc., o dia manheceu chuvoso e bem frio.As mulheres novamente na caminhada buscando alternativas para a vida.
O tema de formação neste dia 15 (segunda feira) em Jordanésia foi uma das bandeiras de luta da Marcha mundial de Mulheres, a legalização e descriminalização do aborto: “Maternidade como decisão e não como destino: debate sobre nossas experiências” A atividade começou com a dinâmica do cochicho na qual em grupo as mulheres conversaram por 20 min a partir de três perguntas: Como as mulheres vivem a maternidade? Como encaram o aborto? Como têm acesso a métodos de prevenção da gravidez? As mulheres inscritas apresentaram à plenária o resultado do cochicho e como era de se esperar quando se debate o assunto alguns relatos afirmaram que o aborto é um crime a não ser em caso previstos em lei quando a mulher é estuprada ou corre risco de vida. Destaco a fala de uma militante de São Paulo que diz que tem mulheres que se dizem contra o aborto mas já abortou e as clinicas estão em toda parte e que as de luxo cobram R$ 6 mil reais para um aborto seguro.“Quem tem dinheiro, faz aborto com segurança. Quem não tem, corre risco de vida.”, O debate sobre o aborto foi polêmico pois algumas mulheres do grupo concordavam apenas em casos de estrupos principalmente quando ocorre caso de pai e filha ou irmão e vinculado a violência. O aborto é uma desição pessoal e as mulheres é que decidem porque são donas do seu corpo e o questionamento é: Cadê o homem que engravidou, porque a culpa é da mulher que abortou? As que ainda não são mães responderam que sentem vontade de ser mãe e ter uma familia porque gostam de criança e têm experiências em educação infantil, destacarm que já participaram de varias capacitações em seminários sobre maternidade responsável com temas que capcitam para lidar com a criança. Disseram também que pretendem ter filhos e assumir a maternidade com o (a) parceiro de forma igualitária e sobretudo destacarm a gravidez planejada para essa construção familiar como uma responsabilidade do casal. Outras questionaram o fato da cobrança dessa maternidade pela sociedade que as julga impotentes ou com problemas pelo fato de decidirem não ser mães como se as mesmas fossem obrigadas a parir para serem mulheres. As que já são mães depuseram que sentem-se realizadas mesmo quando nse trata de uma gravidez planejada. Outra mulher destacou que sofreu muita violência todas as vezes que engravidava pelo fato do marido não aceitar a gravidez, não aceitar metódos contraceptivos como a camisinha e ainda culpá-la pela gravidez como se ele não tivesse nenhuma responsabilidade sobre o caso.
Em relação a prevenção, no relato, algumas mulheres disseram que usam camisinha principalmente aquelas que ainda não são casadas; as que são casadas usam para evitar doenças sexualmente transmissíveis porque muitas vezes o marido tem relações extraconjugais e a mulher sente-se mais segura evitando DST/AIDS. Na plenária as discussões refletiram as conversas do cochicho porem surgiram questionamentos como o fato de mulheres que querem ter filhos mas não conseguem por problemas de saúde, outras por não terem autonomia econômica e enquanto isso outas fazem abortos clandestinos sem acompanhamento medico e isso é risco de vida principalmente para as adolescentes. Outra destacou que as mulheres negras e pobres são vitimas dessas clinicas e que o número de mortes dessas mulheres já torna-se uma questão de saúde pública.O sistema de saúde deve orientar a adolescente para a prevenção da gravidez indesejada, a escola também é um lugar onde os educadores devem passar as orientações sobre sexualidade e debater esse tema sem preconceitos ou tabus.Para a sociedade a mulher deve cuidar da casa, da família, ter filho, ter estudo avançado, ter trabalho esquecendo que o homem também fazem parte desse processo. Porque então que a sociedade patriarcal destina apenas à mulher cuidar da saúde dos filhos, da educação, do lazer, dos cuidados dentro da família e outros? De acordo com os relatos existem muitas mulheres que decidem não ter filhos porque a responsabilidade com os mesmos as privam das relaçõs com a sociedade e com o trabalho pois não têm no Estado politicas públicas que assegurem direitos como creches e licença maternidade que as permitam criar seus filhos. Relataram que existem cobranças do meio social em que vivem pelo fato de não poderem sair para festas ou reuniões sociais restringindo a sua participação como ser social ficando apenas no espaço doméstico A mesa estava composta pelas palestrantes: Tatau Godinho, da diretoria da SempreViva Organização Feminista (SOF), Ana Carolina Pieretti, médica ginecologista e militante da Consulta Popular, e Fabíola Paulino, diretora de mulheres da União Nacional dos Estudantes. Tatau após as falas esclareceu que a Marcha Mundial das Mulheres não propõe que o aborto seja um método anticoncepcional. Ela também desmistificou a idéia de que são as mulheres jovens, desinformadas e irresponsáveis que praticam aborto. “Como o aborto é criminalizado, há poucos dados sobre sua prática. Mas até onde a gente saiba, a maioria das mulheres que abortam são casadas e já têm filhos,Quando dizemos que consideramos o aborto um crime, precisamos parar e refletir o que isso significa. Queremos que as mulheres que abortaram sejam julgadas, condenadas e presas? E por que só elas e não os homens que as engravidaram:" Algumas falas deixaram claras que quando a mulher engravida deve tomar todos os cuidados para que não use o aborto como método e sim demonstrar a sua própria opção e sua escolha de não ter filhos.Quando a mulher faz o aborto o homem não se responsabiliza e a deixa sozinha ou acredita que não tem participação porque a sociedade criminaliza apenas a mulher.A igreja é contra o aborto mas não reconhece o fato que muitas mulheres morrem em conseguencia dos abortos clandestinos e que o fato não é apenas matar criancinhas mas responsabilidade na prevenção e educação e o combate às clinicas calndestinas visto que a séculos que o aborto acontece em todas as classes sociais e que os governantes e religiosos fogem do debate. È por isso que dizemos que "Essa hipócrisia dá hemorragia" E importante que a mulher vá ate o hospital fazer seu aborto tranqüilo e seguro com responsabilidade com a sociedade.
Quando se discute da autonomia da mulher é também para que ela tenha direito de decidir sobre o próprio corpo sendo dona da sua vida então assim ela decide se quer ter filhos ou não como também tem alternativas para sair das situações de violências causadas pelas relaçoes machistas.O homem machista não vai ao posto de saúde buscar preservativo sempre quem vai e a mulher.
Quando a menstruação não vem e decidem abortar o certo é que procurem um profissional de saúde mas muitas das mulheres tomam remédios por não poder pagar uma clinica e correm riscos.Quando uma jovem tem um filho ela perde a liberdade de conhecer coisas novas, não vai a festa, deixa de estudar, não tem um apoio da sociedade, vive isoladamente da vida normal. Se os homens engravidassem o aborto seria legal!
Relatoriando hoje dia 15 - Percina Santos Sousa - MST São João do Piaui.


14/03 (Domingo) - Cajamar

A luta contra a violência sexista.


O dia amanheceu lindo! Mais uma vez acordamos com disposição pois nosso corpo já começa a acostumar-se com a rotina, as pernas não doem mais como antes e a alimentação balanceada feita por nossas companheiras marchantes da cozinha nos deixa leve e disposta além do mais comemos bananas todos os dias. Acordamos às 04h20min e procedemos com a rotina diária: colocar nossas malas no caminhão, higiene pessoal, tomar café, fazer alongamento com nossa personal trainer Tatiane Seixas, organizar a delegação do Estado do Piaui que hoje fica atrás do Rio Grande do Norte. Saimos de Várzea Paulista, cantamos a primeira estrofe do hino do Piaui como fazemos todos os dias na saida da Marcha para lembrar o nosso Estado e refletirmos sobre o compromisso de representá-lo bem: Salve! terra que aos céus rebatas/Nossas almas nos dons que possuis/A esperança nos verdes das matas,/A saudade nas serras azuis/Piauí, terra querida/Filha do sol do equador/Pertencem-te a nossa vida/Nosso sonho, nosso amor!/As águas do Parnaíba/Rio abaixo, rio arriba/Espalhem pelo sertão/E levem pelas quebradas,/Pelas várzeas e chapadas/Teu canto de exaltação! Seguimos rumo a Cajamar em marcha por volta das 07h20min. Durante a marcha as mulheres piauienses estavam muito motivadas e repetindo as palavras de ordem: "A nossa luta é por respeito, mulher não é só bunda e peito! Eu não sou miss nem avião, minha beleza não tem padrão! Não sou modelo na passarela, a minha vida não é novela!" O percurso foi em média de 13,600km, chegamos em Cajamar às 11h30min no (Cooperinca antigo Instituto Cajamar) na Rodovia Anhanguera km46 e fomos recebidas por um panelaço das 75 mulheres que cozinham nossas refeições, foi muito emocionante porque elas não marcham conosco mas marcham de outra forma trabalhando intensamente na cozinha e nos alimentando por isso essas mulheres merecem todo o nosso respeito: "A cozinha é o coração, sem comida não tem revolução!" Quando chegamos ficamos esperamos para organização do alojamento, a coodernacao nacional resolveu nos alojar no auditório porque estava chovendo. Almoçamos (macarronada com frango) as 12h20min e depois fomos tomar banho e descasar para participar da formação as 18h00min.O debate foi sobre a luta contra a violência sexista, com painéis temáticos sobre: a violência doméstica e sexual e políticas de erradicação; o tráfico de mulheres e a migração; e os processos de luta dos movimentos sociais contra a violência sexista. A mesa foi composta por Conceição Dantas do Centro Feminista 8 de Março e Amelinha Teles das Promotoras Legais Populares o que eu entendi sintetizando a fala das comapnheiras é que o patriarcado contola e explora o nossa corpo e passamos a ser propriedade dos homens. Muitas mulheres sofrem violência porque a comida não está pronta e porque a roupa não está lavada. È comum também a violência contra as prostitutas, lésbicas e mulheres em geral. O fato de ser mulher já é motivo para a violência acontecer. Na programação também teve oficina de Wen-do, as práticas feministas de autodefesa e uma oficina para a confecção de vestidos, com a artista Biba Rigo, autora do desenho presente nas camisas, cartazes e adesivos da 3ª Ação Internacional no Brasil. Fomos jantar e dormir por volta das 22h20min.Foi muito provei tosos as oficinas apesar de estarmos cansadas pois a caminhada de hoje foi cansativa pois teve muitos morros no caminho mas quando temos um propósito sempre vamos além, enfrentando tudo, na esperança que tudo vai dar certo.


Amiga vamos marchar
Chega de fome, pobreza e violência.
Amiga vamos marchar
Cantando pro mundo a nossa irreverência
E terra para gozar
Maternidade e abordo seguro
E vida para navegar
E saber eleger
Quem respeite a quem aqui esta
Vamos!



Relatorio de Jessyca Dias Lopes - Teresina/Pi - Estudante, 18 anos.
Mayara que fotografou a oficina de construção das bonecas em Cajamar - SP.

sábado, 13 de março de 2010

13/03 (Sábado) – Várzea Paulista

Ato público com lançamento de livro sobre o histórico do 8 de março, debate sobre o histórico do movimento feminista e show cultural.

"Marcha mulher marcha,
molha o pé,
mas não molha meia..."
Palavra de ordem das Mulheres Marchantes do Piauí (originalmente piauiense)
São 04 horas da manhã, hoje é o sexto dia da ação,  hora do acampamento levantar..Por aqui não precisa do canto matinal do tão conhecido galo. Os relógios biológicos das Companheiras que já estão adaptados com o novo horário..Afinal hoje é o nosso grande dia, temos compromisso de abrir a Marcha juntamnte com as delegações do Rio Grande do Norte (a mais numerosa, com 350 participantes) e de Alagoas. Começamos cedo, pintando os rostos e enfeitando os cabelos. Estamos na frente, carregamos a bandeira oficial da Marcha e cantamos o hino do nosso Estado em homenagem às mulheres que também estão marchando nas ruas das cidades do Piaui. Lembramos com muito orgulho das comapnheiras assassinadas e que morreram na luta, como Francisca Trindade reconhecida como defensora incansável dos direitos humanos dos oprimidos, excluídos, injustiçados e esquecidos, principalmente da comunidade negra. Enfrentou a violência do racismo e do machismo, desafiando uma burguesia que teimava em dizer que aquele não era o seu lugar. Para essa companheira e para todas as que não puderam vir marchar aqui mas continuam na luta até que todas sejamos livres lhes referenciamos neste dia de marcha, cada passo dado, cada suor derramado, cada fadiga pelo sol nos fortalece na luta e no exemplo das grandes guerreiras piauienses que incasavelmente lutaram e lutam por nossas bandeiras.Começamos a marchar saindo de Jundiaí rumo à cidade de Várzea Paulista, percorrendo 12 km. As animadoras do Piauí proferiram palavras de ordem como...
"João, João cozinhe seu feijão
José, José cozinhe se quiser"
"Eu não sou miss, nem avião,
minha beleza não tem padrão"
As animadoras do Piauí preparam um cd com musicas regionais para ressaltar as características do estado. Fomos recebidas pelas mulheres com a plantação de ipês roxos em um trevo de Várzea Paulista, a cor do movimento feminista. A chegada ao alojamento foi empolgante e animada. A prefeitura de Várzea apoiou a marcha fornecendo alojamento, alimentação e promovendo um show cultural com a cantora Lecy Brandão, a atividade cultural foi uma grande motivacao para as mulheres marchantes vencerem o cansaço e se arrumarem para participarem do show.
TARDE
A partir das 17h deu inicio um ato público com o painel intitulado - Histórico da Marcha Mundial das Mulheres e do dia 08 de marco. Este momento contou com a participação de Nalu Faria e Tatau Gotim (coordenação nacional da MMM). No ato público desta tarde aconteceu o lançamento do livro “As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres”, de autoria da historiadora espanhola Ana Isabel Álvarez González. A publicação recupera o sentido político do 8 de março, comemorado há exatos cem anos, fruto da luta das trabalhadoras socialistas. Houve também arrecadação de recursos para as organizações de mulheres do Haiti, que sofrem não apenas com os desastres naturais, mais principalmente com o imperialismo, a miséria e o militarismo.
O dia internacional de mulheres foi criado em 1910 em Copenhague em uma reunião de mulheres socialistas que objetivavam um dia de reivindicação. A definição da data dia 08 de março fora devido à participação das mulheres na Revolução Russa, no dia 23 de fevereiro no antigo calendário russo, o qual correspondia no ocidental dia 08 de março.As mulheres trabalhadoras russas foram às ruas para reivindicar neste dia por pão e melhoria nas condições de trabalho para todas as trabalhadoras, que irradiou a todos com a chama do fogo socialista.Não terá evolução se impormos um feminismo sem o socialismo e vice e versa.Nalu Faria destacou a emoção de rememorar a ação das mulheres operarias na revolução russa. As mulheres nunca foram motivos de atraso para o avanço do socialismo.No decorrer da historia muitas mulheres ficaram ocultas no processo de independência, algumas aparecendo apenas como amantes, onde na realidade foram muito mais do que isso, lutaram nas fileiras das guerras em prol da independência e da cidadania. Exemplo disso estão as mulheres na Coluna Prestes.O feminismo vem questionar a não participação da mulher nos espaços públicos e políticos, vem reivindicar de mecanismos que de enfrentamento contra a violência domestica.
Desafio do movimento feminista
• Ser um movimento constante, que possui uma plataforma constante de reivindicoes para transformação.
• Fortalecer a relação entre feminismo e socialismo,
• Valorizar a igualdade de oportunidades entre as mulheres e na sociedade.
7 horas - Despedida de Várzea Paulista e saída da Marcha rumo ao km 46,5 da Rodovia Anhanguera.


12/03 (Sexta – Feira) – Jundiaí

Soberania Alimentar, justiça ambiental e luta por território.


A Delegação do Piauí despertou às 03:30. A caminhada teve inicio as 06:30. Acordamos mais cedo por ser o nosso dia na escala para organização dos banheiros e manutenção dos alojamentos. Essa tarefa é delegada por Estados e é um momento de conscientização com relação ao cuidado, visto que todas as marchantes se responsabilizam e atentam para colocar lixos nos lugares e conservarem a limpeza dos locais onde passamos. Considero também um momento onde refletimos sobre a igualdade pois não se diferiencia ninguém e independente da classe ou grau de instrução todas estamos envolvidas no mesmo trabalho. Quando finalizamos quarenta e cinco companheiras foram marchar, as restantes ficaram no alojamento por estarem impossibilitadss, cansadas ou machucadas mas ficaram responsáveis para organizar o alojamento em Jundiaí. Marchamos 13 quilômetros..
A marcha chegou em Jundiaí as 11:20 da manhã.A cordenação estadual marcou uma reunião para discutirmos pautas como: Divisão das tarefas e limpeza do alojamento e informes sobre questionamentos da delegação. Foi notado que algumas marchantes estavam cansadas da tarefa de arrumar as bagagens todos os dias e partir para outra cidade porque para isso acordávamos às 4h e colocávamos as malas em um caminhão baú que levavam até o próximo acampamento. A coordenação explicou que estamos lutando por nossos direitos e que é o momento de passarmos por dificuldades em prol de uma causa maior e por isso devemos enfrentar essas dificuldades com serenidade e também o momento é de aprendizado pois estamos convivendo com diferenças e nos tornamos mais companheiras, ressaltou o respeito que temos que ter pelas mulheres que marcham de outras formas envolvidas em outras tarefas como transportar e cuidar da nossa bagagem.Maria Fernanda da Coordenação Nacional da Marcha esteve presente e nos deu uma lição de companheirismo e socialismo o que nos deu uma força maior para continuarmos marchando. Colocamos em pauta também a organização da MMM-PI para o dia 13 onde estaremos à frente da Marcha e temos a responsabilidade de puxar a caminhada. Toda a delegação está animada e ansiosa para esse grande dia.

Relatorio de Adrilene Craveiro do Nascimento, Drika - (Ass. das lésbicas de Parnaiba - Pi)

OBA!!!

11/03 (Quinta – Feira) – Louveira

Um batuque fúnebre abriu nesta quinta-feira (11) o terceiro dia de caminhada da Marcha Mundial das Mulheres pela rodovia Anhanguera. Após terem andado 11 quilômetros entre Campinas e Valinhos na segunda-feira e 14 quilômetros entre Valinhos e Vinhedo ontem, as duas mil militantes que participam da 3ª Ação Internacional venceram com facilidade os oito quilômetros que separam Vinhedo de Louveira. O silêncio inicial, marcado pelo toque ritmado da Fuzarca Feminista, era uma homenagem às mulheres assassinadas no mundo inteiro e um sinal de apoio às feministas do México, que neste mês lançaram uma campanha contra o feminicídio.
Seguindo o revezamento das delegações, hoje foram as caminhantes do Distrito Federal e do Tocantins que iniciaram a Marcha. As palavras de ordem puxadas por elas destacaram o combate à corrupção e a luta pela defesa do Cerrado, da agricultura familiar e da reforma agrária. A principal porta-voz da bancada ruralista no Congresso Nacional foi lembrada por diversas vezes pelas tocantinenses, que cantaram: “Você não quer, nem mesmo eu, ouvir falar da Kátia Abreu”.



Atividades de formação:
Os dez painéis de debates simultâneos que aconteceram ontem durante o período de atividades de formação (das 16 às 19h), em Vinhedo, representaram bem a diversidade de temas e de culturas que marca a Marcha Mundial das Mulheres. Os assuntos discutidos foram economia solidária e feminista; saúde da mulher e práticas populares de cuidado; sexualidade, autonomia e liberdade; educação não sexista e não racista; mulheres negras e a luta anti-racista; mulheres indígenas; a mídia contra-hegemônica e a luta feminista; a mercantilização do corpo e da vida das mulheres; prostituição; mulheres, arte e cultura

Olga Macuxi, de Roraima, compartilhou a experiência das mulheres guerreiras que participaram da luta pela homologação da Raposa Serra do Sol e falou sobre o processo de organização do movimento de mulheres indígenas. “A OMIR [Organização de Mulheres Indígenas de Roraima] iniciou uma campanha de conscientização contra o álcool nas aldeias. A bebida está ligada a maior parte dos casos de violência contra mulheres e prostituição”, contou Olga. Além das indígenas de Roraima, também estão marchando mulheres do povo Sateré-Maué (do Amazonas) e do povo Tupinambá (da Bahia).

Na tenda em que se reuniram as mulheres negras, a militante mineira Maria Teresa destacou a importância do movimento de mulheres incorporar a luta anti-prisional. “Dos 46 mil presidiários de Minas Gerais, 38 mil são negros. Para as presas, os maus tratos são ainda mais intensos. Ao contrário dos homens, elas não têm direito a visita íntima e, se forem lésbicas e se beijarem, passam uma semana na solitária. Se forem pegas em algum contato mais íntimo, o castigo dura três meses”, afirmou ela. “Tenho quatro filhos biológicos e mais quatro adotivos. Um deles começou a roubar. A sociedade nunca me agradeceu pelos sete cidadãos responsáveis que criei, mas estou cansada de escutar ´Só podia ser preta, por isso o filho é ladrão`”, desabafou Maria Teresa.

O caráter de resistência política da cultura popular foi o eixo do debate sobre mulheres, arte e cultura, que contou com a presença de uma convidada especial: a cantora e compositora Ellen Oléria. “Com a feijoada, as mulheres negras conseguiram transformar restos no prato mais famoso da culinária brasileira”, comemorou a cantora. “Com nossa luta, temos muitas conquistas. Ter uma protagonista negra na novela das oito, por exemplo, é algo positivo. , Sem entrar no mérito do conteúdo, pelo menos agora uma menina negra não vai mais perguntar para a mãe se pode ser modelo, porque ela já vai saber que pode, sim”, completou Ellen.

Mais informações: http://www.sof.org.br/acao2010/

quinta-feira, 11 de março de 2010

10/03 (Quarta – Feira) – Vinhedo

SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!

Painéis temáticos sobre:

Economia Solidária e Feminista;
Saúde da mulher e práticas populares de cuidado;

Sexualidade, autonomia e liberdade;
Educação não sexista e não racista;
Mulheres negras e a luta anti-racista;
Mulheres indígenas;
A mídia contra-hegemônica e a luta feminista;
A mercantilização do corpo e da vida das mulheres;

Prostituição;

Mulheres, arte e cultura.






Painéis temáticos sobre Economia Solidária e Feminista, Saúde da Mulher e prática populares de cuidado, sexualidade, autonomia e liberdade, educação não sexista e não racista, mulheres indigenas, a midia contra-hegemônica e a luta feminista, a mercantilização do corpo e a vida das mulheres, prostituição, mulheres, arte e cultura.
O dia em Vinhedo amanheceu um pouco frio. Algumas companheiras acordaram às 3h da manhã. Todos os dias a rotina é praticamente a mesma. Acordamos  4hs da manhã, toma banho, arrumamos as malas, colocamos as malas no caminhão que transporta nossas bagagens até a próxima cidade, vamos pra fila do café que não é café e não é quente, mas garante energia para a caminhada: todinho, suco de laranja, muita banana, melão, pão e vem um lanchinho para a caminhada energizante: castanha de cajú e mel depois do café que não é café, ai que saudade! Fazemos alongamento antes da caminhada todas as manhãs com nossa personal trainer Tatiane Seixas de Teresina, e é muito divertido porque ela sempre anima nossas manhãs. Nossa caminhada hoje se iniciou às 6:30 horas, o Estado da Bahia puxou a Marcha hoje, todos os dias um estado é escalado para puxar a marcha. Marchamos de Valinhos a Vinhedo em torno de 18km chegamos no alojamento por volta de 11:40. Estamos cansadas, mas sempre motivadas. Vou para o almoço e descanso um pouco e depois participo das oficinas. Hoje eu escolhi para participar da oficina de "Arte e Cultura" porque eu amo qualquer manifestação de arte, aprimoro meus conhecimentos e melhoro as técnicas na produção da minha arte. Na oficina discutimos a arte e a cultura no campo e na cidade, a relação com a arte e nosso modo de expressá-la, a descriminalização dos movimentos sociais como o hip-hop e o grafite que deve ser visto como arte e reconhecido pela sociedade. A cantora Helen participou das dircussões e no final cantou maravilhosamente bem. Pela noite teve um momento cultutal, assisti uma maravilhosa apresentação do grupo de teatro "As MAL-AMADAS Cia de Teatro, fiquei sabendo que o grupo surgiu em 1992, na Casa Beth Lobo, com mulheres em situação de violência em Diadema. O grupo faz parte do CIM –Centro Informação Mulher e é formado por mulheres e atores profissionais convidados. Trata arte como linguagem para coibir a violência contra a mulher. E elas explicaram que todas as mulheres tem direito de sentir prazer sem dor.
Do repertório das Mal-Amadas, constam 10 espetáculos com o temática de gênero: sexualidade, saúde, trabalho, prazer, etc. São peças tratados com muito humor, uma estética aprimorada, espetáculos interativos, ou seja , a platéia é parte importante dos espetáculos. Mal Amadas só no nome. O Teatro Experimental Feminista Urbano Mal Amadas discute a situação da mulher, que sofre violência doméstica e a relação desigual de gênero. O objetivo é interromper por meio da arte o ciclo de violação dos direitos das mulheres. As integrantes do grupo já sofreram agressão física e psicológica de seus maridos ou viveram em ambientes violentos.

Grupo Mal Amadas de Teatro

Relatorio do dia 10, feito por Mayara Evangelista – marchante do Piauí.

09/03 (Terça – Feira) - Valinhos

Trabalho doméstico e de cuidados: um debate sobre a sustentabilidade da vida humana, seguida de debate sobre a história da Marcha Mundial das Mulheres e suas lutas.


Os gritos de luta chamando João, José, Zeca e Raimundo tratam de forma bem-humorada de um tema discutido pela Marcha Mundial das Mulheres no primeiro dia de atividades de formação da 3ª Ação Internacional no Brasil, em Valinhos. As caminhantes se dividiram em quatro rodas de conversa para debater o trabalho doméstico e de cuidados, a partir de quatro questões-guia: como você vê o trabalho doméstico e de cuidados? Como essa realidade de apresenta na casa de cada uma? Mudou algo nesta rotina depois que você começou a participar do movimento feminista? Como imagina que encontrará sua casa quando você retornar após o dia 18?
Sônia, pescadora na Bahia, contou que na beira do rio São Francisco a mulher trabalha muito mais que o homem. “Enquanto ela limpa o peixe, prepara comida, cuida de menino, o marido está na rede dormindo”, afirmou a militante. Para ela, o machismo parece vir de nascença: Sônia ajudou a criar nove irmãos e nenhum deles tinha qualquer participação nos trabalhos domésticos. “Tive sete filhos, mas nunca deixei de fazer nada por causa deles nem do marido, porque eu ganhava meu próprio dinheiro.Quando eu me preparava para sair e meu marido reclamava que estava com dor de cabeça, eu dizia logo para ele tomar um comprimido e pronto. Que mais eu posso fazer? Não sou médica!”, gracejou a pescadora.
Neusa, do Rio Grande do Sul, lembrou que as pessoas tendem a naturalizar a responsabilidade das mulheres pelo trabalho doméstico e pelos cuidados com os familiares, sem perceber que essa obrigação é socialmente imposta. Fabiana, do Rio Grande do Norte, concordou e acrescentou que também, de forma quase inconsciente, muitas mulheres reproduzem a divisão sexual do trabalho na criação dos filhos. A mineira Sueli deu um depoimento que reforçou a triste ironia de a opressão sexista estar arraigada nas próprias oprimidas: ela contou que durante a faculdade, mesmo quando já morava só, tinha dificuldade de passear nos fim-de-semana, porque desde pequena aprendeu que sábado era dia de faxina.
“Além da divisão igualitária do trabalho doméstico entre homens e mulheres, nossa luta é também para que haja mais serviços públicos, como creches gratuitas de qualidade. Assim homens e mulheres poderão trabalhar e estudar”, defendeu Iolanda, militante de São Paulo. Ela afirmou ainda que “não existe libertação individual, toda libertação é coletiva”.
As discussões nos grupos sobre trabalho doméstico e de cuidados, de fato, mostraram que a autonomia das mulheres se fortalece quando o processo de sua conquista é coletivo. Genoveva, militante da Marcha no Rio Grande do Norte, por exemplo, enfrentou opressão do marido logo que eles se casaram. “Ele, que se virava só, deixou de fazer qualquer atividade na casa. Mas eu fui trabalhar fora, entrei para o movimento de mulheres e, aos poucos, a postura dele está mudando. Hoje cedo ele já me telefonou para perguntar como está a Marcha, para demonstrar solidariedade”, alegrou-se a militante.
EM VALINHOS FOMOS RECEBIDAS COM BÃO E ROSAS - MUITAS PÉTALAS DE ROSAS FORAM JOGADAS NAS NOSSAS CABEÇAS NA ENTRADA DA CIDADE 
Oito de março de 1857. Cansadas de uma carga horária pesada, um grupo de mulheres operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque decide entrar em greve. O barulho é grande e aos gritos de protestos ocupam a fábrica. Numa sociedade que na época legitimava a exploração do ser humano por outro ser humano, as mulheres fecham questão e desejam redução das atuais 16 horas de trabalho praticadas para as 10 horas pretendidas.

Estas operárias recebem menos de um terço do salário dos homens e trabalham o mesmo tanto e até mais. Alguém tranca a fábrica e um incêndio inicia-se. Horas mais tarde cerca de 130 mulheres estavam mortas carbonizadas no mais terrível incêndio já ocorrido na Big Apple.
Nos anos seguintes os protestos se seguiram e cada vez ficavam mais estressantes. Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criam a Women"s Trade Union League. Esta associação ajudará todas as trabalhadoras a reivindicarem melhores condições de trabalho.
Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcham nas ruas de Nova Iorque. Elas decidem reeditar o mesmo protesto das operárias no ano de 1857. Exigiam ainda o direito de voto. Na caminhava gritavam ‘Pão e Rosas’, palavra de ordem onde o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida.

 http://www.sof.org.br/acao2010